Livro tem 72 fotos raras da concentração brasileira em Minas Gerais
Antonio Lucio
O livro “Seleção Nunca Vista”, lançado nesta segunda-feira (28), no Museu do Futebol, em São Paulo, foi apontado por jornalistas e esportistas que compareceram ao evento como um resgate da história do futebol brasileiro. O trabalho contém 72 fotos raras e inéditas — todas em preto e branco — do fotógrafo Antonio Lucio, enviado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” à Poços de Caldas (MG) para cobrir a preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 1958, na Suécia.
A obra, lançada em uma parceria entre MKA International Sports, MKA Advogados, Capella Editorial, com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e do Museu do Futebol, está disponível para venda online — no sites Amazon, da Editora Capella e ainda na fanpage do fotógrafo (@AntonioLuciophotografer). O preço é de R$ 75. O trabalho foi possível graças à localização, quase 60 anos depois, dos arquivos do fotógrafo.
Os negativos foram encontrados pela filha de Lucio, Silvia Herrera, que convidou o jornalista Antero Greco para escrever os textos. Reponsável pela apresentação do livro, por recontar o período da preparação brasileira antes da viagem para a Europa e pelas legendas das fotografias, Antero demonstrou emoção por participar do trabalho.
“É um livro muito bonito, uma homenagem para o Antonio Lucio, que era um repórter fotográfico consagrado quando iniciei a minha carreira. É também uma homenagem aos 60 anos da conquista do primeiro título da seleção brasileira e um resgate da memória do nosso futebol, esquecida e abandonada em arquivos. Quem sabe quanta coisa bonita não está guardada em baús de antigos fotógrafos? Esse, a gente resgatou”, comemorou o jornalista.
Antero Greco, Pepe e Silvia Herrera autografam exemplares do livro
Antero Greco conta que se emocionou ao fazer a pesquisa para o livro e rever as fotos de ídolos brasileiros como Pelé, Garrincha, Didi e Djalma Santos. “Eram ídolos para mim. Dei uma ‘viajada’ no tempo. E escrever sobre caras que eram meus ídolos na infância não tem preço”, complementou.
Campeão em 1958, Pepe prestigiou o evento, assinou dezenas de livros para os fãs e relembrou com saudade dos companheiros de seleção e detalhes daquele período anterior à viagem para a Suécia.
“Foi uma preparação ‘sui generis’. O Brasil nunca tinha se preparado tanto para disputar uma Copa. Estivemos em várias cidades. O grupo ganhou saúde. Treinamos bastante. Tínhamos um preparador físico excelente, que exigia muito da gente. O exame médico foi rigoroso. Alguns jogadores tiveram problemas dentários: eu, o Garrincha e o Didi. Tenho orgulho de ter participado desse grupo”, contou o ex-ponta-esquerda.
Pepe, que tinha 23 anos na época, sorriu ao relembrar algumas brincadeiras entre os jogadores e passagens daquela concentração. “O Garrincha era muito divertido, engraçado. Vivia brincando com os companheiros. Um jogador fantástico. Depois do Pelé, foi o Garrincha (o melhor de todos)”, rememorou o ídolo, hoje com 83 anos.
O ex-velocista Robson Caetano, medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Seul-1988 e Atlanta-1996 — também ganhou ouro nos Jogos Panamericanos de Havana-1991 e bronze no Mundial de Indianápolis-1987 — destacou a importância do livro como fonde de conhecimento para que as novas gerações aprendam sobre a relevância do esporte brasileiro no cenário mundial.
“Acho de extrema importância resgatar a memória do esporte nacional. Povo sem história não sabe para onde vai. São histórias que estão se perdendo. Esse é um achado que precisa ir para a escola. Que os alunos tenham acesso a esse tipo de material para entender o que é o futebol brasileiro e como ele foi exportado. Porque hoje, se você vê um atleta português com ginga de corpo, muito se deve a esses rapazes (que foram ao Mundial de 1958)”, frisou Robson Caetano.